quarta-feira, 14 de março de 2012

Tiradentes sedia encontro de fotógrafos

Fonte: uai

Miguel Aun/Divulgação 
O encontro de Tiradentes, que termina no domingo, vai expor trabalhos do mineiro Miguel Aun

A linguagem fotográfica assistiu a uma evolução nos últimos anos, em Minas Gerais. Além da aproximação da geração mais nova de profissionais da área com as artes plásticas e outras linguagens, como a computação, houve uma valorização de antigos seguidores com exposições, livros e homenagens. O movimento já é percebido nas galerias, em eventos temáticos periódicos e no festival de fotografia Foto em Pauta, que ganha a segunda edição, a partir de hoje, na cidade histórica de Tiradentes, com homenagem ao fotógrafo Miguel Aun.

Com exposições, workshops, ciclo de palestras e debates, o evento tem a intenção de reunir, até domingo, amadores e profissionais de renome nacional e internacional, em uma programação variada. Em um dos principais cartões-postais do estado, o público terá a oportunidade de conhecer um pouco mais dessa manifestação que, desde que foi inventada, encanta multidões. Se para o cidadão comum trata-se de um meio de eternizar momentos, nas mãos dos artistas a técnica ganhou outra proporção e se tornou linguagem estética de inúmeras possibilidades. A proposta do festival é realizar a aproximação entre os usos tradicionais e o contemporâneo, com a apresentação de trabalhos conceituais, produzidos em câmeras convencionais e pelo celular.


Ao longo da programação – a maior parte gratuita – haverá uma série de atividades direcionadas a amadores e profissionais. A ideia do organizador, o fotógrafo Eugênio Sávio, é transformar Tiradentes, nos próximos cinco dias, em espaço para apresentação de várias vertentes. Para tanto, escalou uma grande representação de profissionais da área, reunindo nomes como Bob Wolfenson, João Castilho e Maurício Lima. A expectativa é atingir mais de 3 mil pessoas, que vão poder conferir exposições individuais de Eustáquio Neves, Maurício Lima e Tiago Santana e uma coletiva, batizada de Zonas de densidade e de rarefação, com curadoria de João Castilho e participação dos mineiros André Hauck, Pedro David, Pedro Motta e Rodrigo Zeferino.


A cidade será palco ainda de várias intervenções. O objetivo é aproveitar a paisagem barroca para realizar projeções noturnas no Centro Histórico. Uma delas será dedicada exclusivamente a autores mineiros. A curadoria e a edição do trabalho ficou por conta de Alexandre Belém e Georgia Quintas, do blog Olhavê, que selecionaram obras de 37 autores para compor a mostra. Em outro momento, o evento vai promover o encontro de grandes autores da fotografia de natureza do país para discutir a produção atual, os desafios e a importância dessas imagens como instrumento de conservação. 


Buscando o diferencial 


Homenageado nesta edição do evento, o mineiro Miguel Aun é o tipo de profissional que sai em busca da melhor imagem para só depois realizar o registro, e não parte de uma ideia já concebida. Emocionado por receber a deferência dos colegas, Aun vê a fotografia atualmente em um momento interessante. Se de um lado houve um acesso facilitado à técnica, do outro existe uma banalização, o que, na sua visão, tem exigido um esforço maior. “Há mais concorrência e temos que buscar um diferencial a mais.”


Segundo ele, a aproximação com as artes plásticas tem levado o fotógrafo a pensar mais no conceito para só depois se preocupar com os meios de execução. “Procuro interferir o mínimo possível nas imagens”, diz. “Atualmente, vivemos numa espécie de vale- tudo. Antes, foto tremida era ruim. Hoje as pessoas juntam três ou quatro imagens desse tipo e já temos um conceito. Não tenho nada contra, mas não é o caminho”, pondera. 


Nascido em Belo Horizonte, Miguel Aun formou-se em engenharia elétrica pela UFMG e fez mestrado em física nuclear. Passou a dedicar-se exclusivamente à fotografia na década de 1970, influenciado pelo pai, Elias Aun, que criou, a partir de 1935, uma rede de lojas de fotografia na capital. “Sempre convivi com fotografia, mas comecei a me interessar mesmo na época da escola de engenharia, quando realizei experimentos no laboratório.” Com mais de 40 anos dedicados à linguagem, tem um trabalho voltado principalmente a retratar Minas, sua gente, sua cultura e paisagens. Seu arquivo pessoal reúne cerca de 100 mil imagens. “Como não paramos, a tendência é de que cresça cada vez mais”, avisa.


Foto em Pauta 

Abertura hoje, às 19h, na sala do antigo Fórum e, em seguida, às 19h30, no Centro Cultural Yves Alves. Até 18 de março, com exposições, ciclo de palestras, debates e workshops em vários espaços. 
Informações: 
http://www.fotoempauta.com.br/festival2012/

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