terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Coleção Pirelli/Masp completa 21 anos como a maior do País

A Coleção Pirelli/Masp completa este ano a sua maioridade. Chega aos 21 anos e podemos dizer que é o acervo mais longevo do Brasil, no que diz respeito à parceria entre um museu e uma empresa patrocinadora. Para comemorar, o conselho de consultores resolveu fazer um retrospectiva que será inaugurada hoje para convidados e começa amanhã no Museu de Arte de São Paulo (Masp), na capital paulista.
Uma maneira de pensar e de alguma maneira revisitar toda a coleção que conta com 300 artistas e quase 1.100 imagens: "O resultado foi, então, fazer uma espécie de arqueologia de nós mesmos e, ao olhar para a própria coleção, decidimos romper com a tradição e assumir indistintamente os dez artistas que foram influentes e decisivos na criação das tendências
 
que nortearam a fotografia moderna e contemporânea brasileira", escreve no texto de apresentação Rubens Fernandes Junior, pesquisador e integrante do conselho curador da Pirelli/Masp.

             
Alécio de Andrade: "Grand Palais" (Paris), 1975: obra integra o acervo de 1.100 imagens que ganha retrospectiva a partir de hoje no Masp, em São Paulo 


E é assim que encontramos as fotos de rua, de cotidiano de Alécio de Andrade, os retratos de Otto Stupakoff, as imagens intrigantes de Miguel Rio Branco e o incrível trabalho de Claudia Andujar, as fotografias documentais de Pierre Verger e Marcel Gautherot, o jornalismo do pioneiro do fotojornalismo no Brasil, José Medeiros, a ruptura do pictorialismo para a modernidade de Geraldo de Barros, os experimentalismos de Rosangela Rennó, ela mais artista plástica do que fotógrafa, a excelência de Mario Cravo Neto. São 100 imagens, 30 inéditas e 70 que já faziam parte do acervo.


Eixo curatorial

"Lord of the Head", Mário Cravo Neto, 1988

Se não é fácil manter uma coleção desse porte com a obrigatoriedade de a cada ano apresentar novos profissionais com escolhas nem sempre felizes ou significativas, esta pausa de reflexão é ótima oportunidade para repensar o eixo curatorial. Como diz Fernandes Junior: "Neste momento, nos colocamos uma série de perguntas para avaliar erros e acertos". Momento também de perdas para o conselho, com a morte de Luiz Hossaka e Thomaz 


Farkas, que desde o início ajudaram na formação estética da coleção.

O projeto teve início em 1990 sob a coordenação de Fernando Magalhães, na época conservador chefe do Museu de Arte de São Paulo; e Piero della Serra, diretor superintendente da Pirelli no Brasil, mas somente em 1991 foi apresentada a primeira mostra.


  "Homem com Peixe", de Gautherot, 1945

A ideia era percorrer o País e formar uma coleção da produção brasileira. Fernandes Junior, no texto de apresentação desta edição, nos lembra que Boris Kossoy, ao apresentar a primeira edição destacava no catálogo que a iniciativa é "um passo importante para que se possa, aos poucos, obter um mosaico coerente da fotografia contemporânea. (...)O mais importante ainda está por conta do futuro, a esperança de que o projeto tenha a sua devida continuidade, pois só ao longo do tempo a coleção irá amadurecendo e tomando forma, estabelecendo, enfim, uma identidade própria.

Assim nasce uma coleção representativa e digna. Valorizar e reunir criteriosa e sistematicamente a obra dos autores de reconhecido mérito, como também daqueles que ainda devemos descobrir, é a meta a ser alcançada".

Parece que tem dado certo. Só nos resta esperar agora um nova leva de jovens profissionais que, cada vez mais, tem ajudado a repensar a fotografia brasileira e, a partir dos destaques apresentados agora, superem os mestres e nos apresentem novos olhares, novas possibilidades imagéticas.

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